Homem ia ao hospital escoltado pela PRF quando foi atingido por pedra.
Ele havia pedido ajuda aos policiais após ser agredido por manifestantes.
Um caminhoneiro de 44 anos morreu na noite desta quarta-feira (3) depois de tentar passar por um bloqueio na BR-116 em Cristal, na Região Sul do Rio Grande do Sul. Após ser agredido por manifestantes, Renato Kranlow acionou a Polícia Rodoviária Federal, que o aconselhou a ir em seu próprio veículo ao hospital de Camaquã, seguido pela viatura. Cerca de 7 quilômetros depois, o caminhão foi atingido por uma pedra que atravessou o para-brisa e acertou o pescoço do motorista.
O caminhoneiro não resistiu e morreu no local, no km 420. De acordo com o inspetor da PRF Alessandro Castro, o homem foi até a viatura para pedir ajuda para fazer um boletim de ocorrência, porque havia levado um soco ao discutir com manifestantes que orientavam os motoristas a ficarem parados em um posto de combustíveis. Os policiais rodoviários escoltariam o veículo até Camaquã, onde o homem iria ao hospital e a uma delegacia prestar queixa.
Segundo a Polícia Civil, que fez a perícia no local, há indícios de que a pedra tenha sido jogada de um carro que vinha na direção oposta. O caminhão, que carregava material de reciclagem, ia de Pelotas a Porto Alegre. O corpo foi levado ao IML de Camaquã.
“Não tenho nenhum problema com manifestações, só não concordo com esse tipo de atitude de violência”, diz o irmão da vítima, Ernani Kranlow, de 42 anos. Segundo a família, que é natural de Pelotas, era para o filho de 19 anos de Renato, Eduardo, que também é caminhoneiro, levar a carga. Entretanto, de última hora, o pai pediu para fazer o trabalho. O motorista deixa ainda a esposa e uma filha de 14 anos.
Segundo a PRF, o km 427 da BR-116 havia sido bloqueado das 6h às 12h desta quarta-feira e depois novamente às 18h. A morte ocorreu por volta das 19h45.
Pelo menos oito rodovias do Rio Grande do Sul continuam bloqueadas nesta quarta-feira (3). Motoristas de caminhão aderiram ao movimento nacional e fecham as estradas desde a segunda-feira (1). O porto de Rio Grande, na Região Sul, já começa a ficar sem mercadoria para embarcar.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a BR-392 nos quilômetros 62 e 66,3, em Pelotas, no Sul, e no quilômetro 291, em São Sepé, na Região Central, estão bloqueadas. Veículos de passeio, ambulâncias e bicicletas são liberados para passar no local pelos próprios manifestantes.Também em Pelotas, a BR-116, no quilômetro 529, e na BR-158, no quilômetro 268, estão totalmente fechadas.
Outros dois municípios registram protestos. Tupanciretã, na rodovia estadual ERS-392, está parcialmente fechada no quilômetro 19, de acordo com o Comando Rodoviário da Brigada Militar. Em Santa Rosa, a PRF indica manifestação com bloqueio parcial na BR-472, no quilômetro 165.
Com paralisação, empresas contabilizam prejuízos
Uma das rodovias fechadas até o fim da tarde desta quarta era a ERS-155, em Santo Augusto, no Noroeste do estado. Pelo menos 100 caminhões aguardavam a liberação da pista desde as 8. Entre as principais reivindicações estava a falta de manutenção na rodovia que liga o município a cidade de Ijuí.
Dos veículos parados na rodovia, 10 caminhões que transportam leite estavam no local. “Estão correndo o risco de perder essa carga de leite, e os freteiros vão ter que pagar para o produtor”, explica Cesar Augusto Tonetto de Moura, funcionário de uma transportadora do produto.
Uma cooperativa em Teutônia, no Vale do Taquari, calcula prejuízo de R$100 mil por dia com a paralisação dos caminhoneiros. Com o bloqueio, 280 mil litros de leite in natura que deveriam ser enviados para uma indústria de Palmeira das Missões, na Região Noroeste, não puderam ser entregues. A coperativa também não está recebendo milho que vem do Norte do país. “Estamos inclusive pensando na possibilidade de reduzir os abates de frango e os abates de suínos em vista dessa dificuldade toda”, explica o presidente da cooperativa, Dirceu Bayer.
Bloqueio impede carga de embarcar no porto de Rio Grande
A BR-392 é a única rodovia que dá acesso ao porto de Rio Grande. Por causa dos protestos, a movimentação de veículos diminuiu 85%, segundo a Polícia Rodoviária Federal, principalmente no que diz respeito aos caminhões transportando cargas para exportação.
No terminal de grãos, o pátio estava vazio nesta tarde. Por dia, 1,5 mil caminhões descarregam soja. Nesta quarta, foram registrados apenas 12. No terminal de contêineres, a operação já é 70% menor. “Se a partir de amanhã perdurar a greve, começamos a contabilizar prejuízos para a semana que vem, logicamente por causa dos navios paradas, à espera dos produtos”, explica o superintendente do porto Dirceu Lopes.
Projeto que altera Lei do Descanso de motoristas é aprovado
Uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto que altera a Lei do Descanso para os caminhoneiros. Entre as mudanças, a pausa durante a jornada de trabalho passa de 4h para 6h. A matéria segue agora para análise nas comissões da Casa.
Fonte: Portal G1 – www.g1.globo.com/rs