Para o vice-presidente da NTC, Urubatan Helou, a reunião realizada hoje é um marco histórico para o setor de transportes.
Outro representante do setor que se pronunciou foi o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo, Flávio Benatti, que também dirige a Seção de Cargas da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Para Benatti, o retorno da discussão tarifária é uma vitória para o setor de transportes. “Precisamos colocar o setor nos trilhos, para termos um TRC forte”, informou.
O presidente da NTC, José Hélio Fernandes, cumprimentou os empresários e líderes sindicais presentes e afirmou a necessidade do segmento em trabalhar a recuperação tarifária dos fretes praticados hoje. “Desde que assumi a presidência, verifiquei que precisávamos trabalhar com a recuperação tarifária do setor. Esse trabalho envolve também um grande diálogo que o setor deve ter entre sociedade e mercado. Temos que tomar uma atitude, ter posicionamento e, para isso, precisamos gerir nossas empresas de maneira profissional e eficiente”.
Fernandes também falou sobre o mercado que, muitas vezes, pressiona os empresários para baixarem suas tarifas. “Infelizmente, estamos vendo que outros estão trabalhando por nós: uma hora, o embarcador decide o quanto pode pagar e o empresário aceita; outra vez, é o concorrente que coloca no mercado valores abaixo dos custos, gerando uma concorrência desleal que atinge nosso setor”, salientou.
Para finalizar a cerimônia de abertura, José Hélio Fernandes explicou que o objetivo de retomar o CONET foi dar um caráter nacional para a discussão das tarifas e convidou a todos a buscar a melhoria de suas empresas e mudar a dura realidade que passam hoje. “Precisamos tomar uma atitude para darmos um rumo diferente ao nosso setor”, finalizou.
Apresentações técnicas
O engenheiro Antônio Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC, apresentou o “Estudo de Defasagem no Frete do Transporte Rodoviário de Cargas”. Os dados apresentados são resultado dos números médios das empresas pesquisadas pelo DECOPE (Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos) da NTC&Logística. Uma das planilhas apresentadas foi um demonstrativo de custos de uma viagem. O palestrante mostrou que existem custos diretos e indiretos a serem contabilizados ao longo de um trajeto.
Entre os custos diretos, aqueles pagos no momento da viagem, como: combustível, arla, salário do motorista e pedágio; entre os indiretos: impostos, despesas administrativas, seguro, manutenção do veículo, entre outros itens. “Quando o empresário analisa apenas os custos diretos, ele pode ter até 40% de lucro, mas se observar os indiretos, o lucro real fica em aproximadamente 10%. Ou seja, poucas empresas consideram todos estes gastos e, por isso, cobram um frete abaixo de seu custo real, gerando a defasagem”, explicou Valdivia.
Além desses demonstrativos, foi apresentado também explicativos sobre Frete Valor (custo indicado hoje entre 0,3 e 1,2%), GRIS (taxa de Gerenciamento de Riscos, de 0,3%), Tabelas de Generalidades de cada especificidade da atividade e Serviços Adicionais (paletização, entrega com veículo dedicado, entre outros).
O coordenador de economia da NTC, José Luiz Pereira, iniciou sua apresentação sobre o Índice Nacional do Custo do Transporte (INCT), explicando rapidamente a peculiaridade e o tamanho do mercado de transportes. “Num mercado com mais de 170 mil empresas de transporte, segundo a ANTT, é impossível haver qualquer controle de preços por meio de tabelas, por isso, cabe a cada empresário negociar seus valores de frete”, salientou Pereira.
Durante a explanação, José Luiz explicou que o INCT é uma planilha de custos de referência, assim como o IPCA é para outras generalidades. O INCT é calculado mensalmente e avalia, dentre outros temas, o impacto dos dois últimos aumentos de combustível nas operações de transportes. Esse índice possui duas variáveis: a primeira analisa a Carga Lotação, e a segunda estuda a Carga Fracionada.
O acúmulo dos últimos 12 meses (Jan-14 a Jan-15) no INCT-L foi de 3,86%; já o INCT-L, ficou em 4,18%. Em análise dos últimos 24 meses, os índices ficaram em 12,82% e 12,23%, respectivamente. “Só o combustível, caso considere os dois últimos aumentos, teve um impacto de 4,14% no custo do frete em médias distâncias”, observou Pereira.
Debate
Após as apresentações técnicas, os executivos que participaram da abertura do evento retornaram à mesa para discutir, com a plateia, os índices mostrados. “Aqui, neste momento, é importante que todos se lembrem, é uma conversa de transportador para transportador”, lembrou José Hélio Fernandes no início do debate.
Alguns empresários manifestaram sua preocupação com a informalidade do mercado, acordos salariais anuais, formação gerencial dos novos empresários, desconhecimento de transportadores sobre as legislações do setor, entre outros assuntos.
Com o final das manifestações da plateia, os presentes concordaram por aclamação com a divulgação de nota apontando o percentual de 14,11%, relativo à defasagem do frete.