Pesquisa nacional realizada em agosto de 2017 pela NTC&Logística em colaboração com a ANTT, envolvendo 2.290 empresas, revela a situação das empresas transportadoras no primeiro semestre de 2017:
1. Queda no faturamento para 70,5%
2. As receitas diminuíram em 10,32%
3. O valor do frete caiu em média 2,98%
4. 91% das empresas diminuíram de tamanho
5. 54,7% das empresas tem recebido frete com atraso
A pesquisa aponta alguns fatores que contribuíram para tal situação. Em primeiro lugar, estão os aumentos de custos, especialmente, as majorações nos últimos 12 meses de salários que chegaram a 4,00%, combustível 4,25%, despesas administrativas 9,20%, manutenção 6,58%, veículo 5,61% e a lavagem 8,40%.
Contribuem também o baixo volume de carga, provocada pela situação econômica por que passa o país. O aumento do roubo de carga na região metropolitana do Rio de Janeiro, mas não estando restrita a somente ela. É sempre importante destacar a existência dos riscos suportados pelas empresas e que necessitam ser cobertos conforme a especificidade do serviço e da carga, como é o caso do frete valor, GRIS – Gerenciamento de Risco, generalidades como a Taxa de Restrição de Trânsito – TRT, dentre outras, inclusive as de caráter emergencial e transitório como é o caso da EMEX – Emergência Excepcional, criadas para cobrirem os custos decorrentes da situação de falta de segurança, escoltas urbanas, aumento no valor da cobertura securitária e das restrições impostas a prestação de serviço de transporte.
Como se não bastasse tudo isto, o setor ainda enfrenta o comprometimento do seu faturamento com o aumento cada vez maior de fretes atrasados (14,3% do faturamento, segundo a pesquisa). Esta situação já ultrapassou o limite do estado suportável, sobretudo levando-se em consideração as margens estreitas de lucro alcançadas pelas empresas do setor quando a economia está em expansão e que acabaram sendo negativas pela pressão imposta pela recessão. Apesar disso tudo, o primeiro semestre de 2017 foi um pouco melhor para o setor que o ano de 2016, com números um pouco melhores, mas ainda distantes do ideal. Ajudou a modesta recuperação na economia principalmente em função da safra recorde e das exportações.
Com relação ao frete rodoviário praticado a pesquisa continua apontando uma defasagem da ordem de 20,89% na carga lotação e 7,72% na carga fracionada. Estas defasagens foram calculadas comparando-se os valores das planilhas referenciais de custos da NTC&Logística, que não incluem impostos e margem de lucro, com os fretes médios praticados pelas empresas pesquisadas.
Portanto, fica evidente que é imprescindível e urgente que se faça o quanto antes um realinhamento dos fretes praticados, acompanhado da cobrança dos demais componentes tarifários, Frete-valor e Gris e as Generalidades do transporte. Se esta melhora não se concretizar, o País corre o risco de um grave colapso em uma atividade essencial para a economia e para a sociedade brasileira, pois há 3 anos que não há investimentos das empresas transportadoras que sobreviveram no setor.
Rio de Janeiro/RJ, 3 de agosto de 2017.
Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística