Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aproximadamente 103,3 mil caminhões foram vendidos até outubro deste ano no Brasil, uma alta de 16,8% na venda dos veículos, em comparação com o mesmo período de 2023. Também de acordo com os dados da Anfavea, que soma as vendas do mercado interno às exportações, a produção de caminhões chegou a 117,4 mil unidades em 2024, um aumento de 42,8%.
O que poderia ser visto como uma boa notícia, é visto com ressalvas pelos empresários dos segmentos de Transporte de Cargas e Logística. O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste (Fetranslog/NE), Arlan Rodrigues, entende que o aumento da demanda por caminhões não está relacionado a um bom momento do setor.
Para o dirigente, que representa sindicatos de cinco estados do Nordeste, deveria haver uma política mais intensa com medidas para incentivar a renovação da frota de caminhões no Brasil. “As taxas de juros para financiamento de caminhões são as mais altas dos últimos 10 anos e o valor dos veículos também enfrenta um aumento sem previsão de baixa”, afirma Rodrigues.
Desde 2015, quando a taxa Selic começou a subir consideravelmente, os juros de financiamento para caminhões no Brasil apresentaram uma trajetória de alta. Em 2021, a Selic estava elevada novamente para controlar a inflação e as taxas para financiamento de caminhões chegaram a níveis historicamente altos. No ano passado, apesar de um corte inicial na Selic, as taxas ainda estavam entre as mais altas do mundo e especialistas apontam que a redução acontecerá de forma gradual, mas não compensará o preço dos veículos que segue elevado.
Renovação traz mais eficiência para o setor
Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta que dos 2,18 milhões de caminhões que circulam no Brasil, 55% têm mais de 14 anos. O mesmo estudo aponta que a renovação da frota pode reduzir em 33,5% a emissão de poluentes. A troca dos 152 mil veículos fabricados antes de 1989 teria um custo estimado em R$ 104,8 bilhões. Caso o plano fosse ampliado para caminhões produzidos até 1999, o valor chegaria a R$ 230,2 bilhões. Se a troca abranger modelos fabricados entre 2006 e 2011, a queda nas emissões poderia chegar a 70%.
Do ponto de vista ambiental, os caminhões Euro 6 (fase P8 do Proconve), produzidos no Brasil a partir de 2022, são uma das melhores soluções existentes na atualidade para reduzir as emissões de poluentes. Para renovar toda a frota anterior a 2022 (fases P0 a P7), composta por 95,1% dos caminhões, seria necessário R$ 1,16 trilhão, ou R$ 845,58 bilhões considerando a venda de ativos.
Fonte: Adaptável da Fetranslog Nordeste