Alegando a busca de maior aderência dos preços do mercado doméstico no curto prazo ao mercado internacional bem como a melhora da sua competitividade, a Petrobras, que praticamente detém o monopólio do refino de petróleo brasileiro, anunciou no dia 30 de junho uma revisão na política de preços da gasolina e do diesel.
“A avaliação feita pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP), composto pelo Presidente, Diretor Executivo de Refino e Gás Natural e Diretor Executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, é de que os ajustes que vinham sendo praticados, desde o anúncio da nova política em outubro de 2016, não têm sido suficientes para acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados, recomendando uma maior frequência nos ajustes.
Desta maneira, a área técnica de marketing e comercialização da companhia terá delegação para realizar ajustes nos preços, a qualquer momento, inclusive diariamente, desde que os reajustes acumulados por produto estejam, na média Brasil, dentro de uma faixa determinada (-7% a +7%), respeitando a margem estabelecida pelo GEMP. Além disso, qualquer alteração fora dessa faixa terá que ser autorizada pelo GEMP. “
Em função desta decisão, o diesel que até então vinha dando um alívio ao setor de transporte rodoviário quando atingiu o menor nível de preço no ano no mês de julho com queda de 8,79%.
Entretanto, em apenas três meses e meio, após a citada revisão da Petrobras, o aumento do diesel atingiu 15,01% e, no ano o aumento, apesar da queda que tinha ocorrida até o meio do ano, já subiu 5,71% frente ao valor de janeiro.
Para complicar ainda mais a questão, a partir do comunicado, os reajustes passaram a ser quase que diários e, apesar do seu acumulado estar positivo (15,01%), os repasses não são todos de aumentos, alguns anúncios são de reduções. Fato que complica bastante a negociação do repasse destes aumentos, pois, a chance de no meio da negociação a Petrobras anunciar uma diminuição do preço é grande, prejudicando assim a negociação do devido repasse.
OBS: o acumulado dos reajustes do diesel anunciados pela Petrobras para as refinarias entre 19/8/17 e 17/11/17 está em 19,8% – foram 60 reajustes neste período, sendo 25 de redução de preço e 35 de aumento.
É inquestionável que o combustível tem destaque entre os principais custos do serviço de transporte rodoviário de carga, com variações que passam pelo tipo de veículo e a quilometragem rodada na operação.
Os gráficos abaixo apresentam a participação do Diesel em função da variação da quilometragem rodada (custos só do veículo – sem considerar as despesas administrativas, os impostos e a margem de lucro).
Portanto, como se nota, há uma grande influência da quilometragem rodada pelo veículo, assim, constata-se que quanto mais ele roda maior a participação do combustível no custo da operação do caminhão. Mas, também fica claro que o tipo de veículo também influencia de forma significativa o resultado, a participação do combustível é mais expressiva quanto maior for o porte do veículo (até porque, quanto maior o caminhão mais combustível ele consome).
Se considerarmos que na média o custo com combustível representa 31%, o impacto do acumulado dos reajustes, desde o anuncio da revisão feita pela Petrobras, fica em torno de 4,0%, com extremos, nas operações com altas quilometragens rodadas, que podem atingir até 7,0%.
E o pior é que tudo indica que a tendência da escalada de preços é de alta já que a revisão da política da Petrobras ocorreu com o preço internacional do barril em patamar historicamente baixo (U$ 46,11 o Brent) e em novembro o barril já atingiu U$ 64,65, com alta de 31,28% no período. Também preocupa a previsão dos analistas deste mercado que estimam que o preço do barril possa alcançar 70 dólares nos próximos meses.
O outro componente que define o reajuste do diesel é o dólar, que apesar do aumento dos últimos dias vem se comportando de forma estável durante o ano.
Como forma de auxiliar o mercado do TRC a NTC&Logística divulgará relatórios mensais detalhados sobre a evolução do preço diesel e o impacto desse nas operações do TRC no seu Portal. Por existir inúmeras condições de operação e tipo de empresa diferentes no transporte rodoviário de carga trataremos do impacto das variações no diesel para as empresas transportadoras somente no que se refere ao custo direto dos veículos de pequeno, médio e grande porte rodando nas distâncias: curta (500 km), média (1.000 km) e longa (3.000 km).
Impacto do Aumento do Diesel nas Operações de TRC
É imprescindível para manter a contento a saúde financeira das empresas transportadoras que sejam repassados de forma imediata o acumulado dos aumentos de combustível, até porque este é um custo relevante e que não há formas de reduzi-lo pelo lado do consumo (as que existem já foram adotadas).
Período: entre julho e 1ª quinzena de novembro
Variações de preço nas Distribuidoras – percentual de 15,0% de aumento
Em função desta decisão, o diesel que até então vinha dando um alívio ao setor de transporte rodoviário quando atingiu o menor nível de preço no ano no mês de julho com queda de 8,79%.
DECOPE – Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Econômicas
NTC&Logística