Ressaltou, entretanto, que são pagos muitos pedágios naquelas regiões do Brasil e, o ideal, seria que os motoristas guardassem os referidos tíquetes, a fim de que as empresas pudessem abater no Imposto de Renda. “Infelizmente, ainda vai demorar muito tempo para que isso possa ocorrer. Atualmente, são necessários R$ 800 bilhões para colocar as rodovias brasileiras no mesmo nível das americanas. Por esse motivo, pedágio no Brasil é um mal necessário”, afirmou. Ele disse, ainda, que o poder público não sabe fazer a gestão de ferrovias, portanto, é melhor entregá-las à iniciativa privada.
Quanto aos portos, lembrou que precisam ter uma infraestrutura de rodovias e ferrovias, para atender à demanda. “Para o Ceará ser logístico, é preciso que olhem com bons olhos para o Pecém; pensem que um porto não nasce para atender a um Estado, mas sim a um País que quer se comunicar com o restante do mundo. A competição entre portos não é salutar”, disse. Explicou que não há entradas para a região Norte do Brasil e o Norte das fronteiras agrícolas, e janelas de saída para o mercado internacional. “E o Ceará pode ser uma delas. Precisamos integrar a ligação rodoferroviária com os terminais portuários”, completou Resende.
PLANEJAMENTO
Já o ministro dos Portos explicou que o Brasil nunca teve um plano nacional de logística integrado, e isso, agora, está ocorrendo, com o objetivo de gerir todos os modais de transportes: portuários, rodoviários e ferroviários. “O País sempre preferiu a via rodoviária, tanto que construiu duas estradas paralelas à costa, as BRs 101 e 116. Temos, hoje, 35 terminais portuários públicos e queremos licitar outros 90. Mas é preciso haver rodovias em condições de atender a estes terminais. Temos, ainda, 129 terminais de uso privado, que só podiam movimentar cargas próprias. Mas a partir da nova Lei Geral dos Portos, podem fazer isso de uma maneira geral – granéis sólidos, líquidos e contêineres”, destacou Cristino.
O titular da SEP lembrou que os investimentos, na área portuária até 2007, quando foi criado o órgão, chegavam a R$ 629 milhões, mas no ano passado essa cifra chegou a R$ 2,25 bilhões, gerando uma movimentação de cargas de 904 milhões de toneladas, um crescimento de 78,6% em relação à registrada em 2001. “Até 2016, deveremos movimentar 2,26 bilhões de toneladas de cargas. Temos R$ 200 bilhões para investir em logística de transportes, no País, sendo que R$ 66 bi são para os portos brasileiros. O Canal do Panamá está sendo alargado e aprofundado, então vamos investir nos portos do Nordeste, para que nossa mercadorias cheguem mais rapidamente à Ásia. Pecém (CE), Suape (PE) e Itaqui (MA) receberão boa quantidade de recursos, além de que deveremos construir outro porto na Bahia”, afirmou.
O ministro disse que para tornar o Brasil mais competitivo, nos mercados internacional e interno, é preciso aumentar a eficiência portuária, para reduzir os custos; abertura para investimentos privados; simplificação do processo de arrendamento, e instalações portuárias de uso privado, mas fora da área dos portos organizados. A região Nordeste deverá receber cerca de R$ 6,77 bilhões para investimentos no setor portuário. “Hoje, 61% das cargas brasileiras são transportadas por rodovias, 21% em ferrovias e 14% por meio aquaviário. Até 2025, queremos ter esse percentual dividido de maneira mais equalitária, ou seja, 30% por caminhões, 35% por trens e 29% por navios. Não justifica um caminhão rodar milhares de quilômetros, quando temos uma estrada gratuita, que é o mar. O Brasil tem mais de 40 mil quilômetros de hidrovias (rios e mares), mas só 25 mil são utilizados. Dentre as principais vantagens desse transporte temos as reduções do custo, da emissão de poluentes, do desgaste das rodovias, do índice de acidentes e do consumo de combustível”, finalizou Leônidas Cristino.
Fonte: O Estado