Fonte: Jornal O Povo
Eleição na Fiec | Diretor administrativo da entidade, ele vai ser aclamado hoje como presidente da Fiec para mandato de cinco anos, que se inicia em setembro. Até lá continua o comando de Beto Studart
RICARDO Cavalcante está há nove anos como diretor na Fiec (Foto: DIVULGAÇÃO)
Em setembro de 2019 a Federação das Indústrias do Estado (Fiec) terá nova gestão. Com apenas uma chapa, encabeçada por Ricardo Cavalcante, a aclamação do então diretor administrativo da Fiec para o comando da entidade já acontece hoje, às 9 horas, no auditório Waldyr Diogo. O empresário da cadeia da construção civil é nome indicado por Beto Studart, presidente da Federação no Ceará. São 37 dos 39 sindicatos na composição da chamada Chapa Fiec Unida.
Carlos Prado, Roseane Medeiros, Jaime Belicanta e André Montenegro compõem a Vice-Presidência. Os delegados representantes dos sindicatos filiados à Federação vão, um a um, aclamar Ricardo como presidente por cinco anos. Em entrevista ao O POVO, ele fala sobre o que se pode esperar da nova administração da Fiec, corte do Sistema S, relacionamento com governos e a importância do Banco do Nordeste (BNB).
OP – Qual é a gestão que o senhor pretende implantar e como construirá sua marca própria?
Ricardo Cavalcante – Eu faço parte da gestão atual, sou diretor administrativo, que é um cargo que já participa muito. A partir de agosto vou fazer o planejamento estratégico junto com a Diretoria para nossa gestão. Tem três coisas que eu já vou fazer a partir de setembro: tornar a Fiec referência de dados para estudo do setor industrial. Estamos hoje em uma época de formação e transformação no mundo inteiro e a gente precisa deixar nossos industriais com conhecimento do mercado. Estamos falando de indústria 4.0, inovação, tecnologia. Segundo seria uma atuação mais forte no Interior. Quero agir nas macrorregiões. O terceiro eu poderia dizer que é esse nosso diálogo que a gente tem hoje com os entes públicos, seja municipal ou estadual ou federal, que a gente continue. A indústria passa hoje por momentos, que, sempre que há alteração de lei de alguns desses entes, vem, às vezes, para prejudicar ou, às vezes, até para ajudar. Seja Fortaleza, Região Metropolitana ou Interior, o importante é sempre estamos defendendo a indústria.
OP – Que tipos de leis precisam ser modificados?
Ricardo Cavalcante – A indústria o comércio, os empresários em si, é quem pagam os impostos e é quem geram riqueza para o País. Então, a gente precisa, primeiro fazer com que os nossos deputados estaduais, vereadores, deputados federais, senadores conheçam um pouco mais a nossa real situação. E esse trabalho eu vou fazer, vou mostrar o que é hoje o sistema industrial no Ceará e o que a Fiec vai fazer. Eu vou trabalhar muito, porque suceder o Beto não é fácil. Ele revolucionou, fez tudo com muito trabalho e dedicação e é o que eu farei. A gestão dele foi transformadora em todas as áreas, tanto na de gestão como na física, com as obras feitas. Ele fez uma gestão magnífica.
OP – Na gestão Beto Studart, a Fiec enxugou o quadro de funcionários. O senhor pretende expandir esse enxugamento?
Ricardo Cavalcante – Eu acho que a casa está regularizada, tudo no equilíbrio. Se fosse para ter corte seria por parte do Governo Federal. O próprio (Paulo) Guedes (ministro da Economia) fala em corte do Sistema S. Estamos dentro do Sistema S, então, se houver algum corte seria pelo Governo Federal. Espero que isso não aconteça. O Governo precisa conhecer mais o que é o Sistema S. No Ceará, hoje, eu poderia dizer, a Fiec é uma das quatro, cinco melhores federações do Brasil em tudo.
OP – Então como o governo deveria tratar em relação ao Sistema S?
Ricardo Cavalcante – Eu tento falar aqui por nós do Ceará, porque da CNI (Confederação Nacional da Indústria) eu só irei participar a partir de setembro, então, em relação ao nacional não teria tanto para falar. Mas tirando pelo exemplo da Fiec, temos um trabalho magnífico para todos os setores, temos instituto de inovação, o próprio Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), trabalho muito bom na área eletrometalmecânica, de energias renováveis, e também um trabalho muito grande junto a toda a indústria cearense. Eu acho que o governo precisa conhecer um pouco mais o que o Sistema S faz. Ele cita como se fosse dinheiro público, mas é privado. Ele é pago pelas empresas junto às casas Sesi (Serviço Social da Indústria) e Senai pela indústria.
OP – E como fica a posição da Fiec em relação ao silêncio do Governo Federal ao Banco do Nordeste?
Ricardo Cavalcante – O BNB é fundamental para o Nordeste. O governo está demorando a dar resposta. Sociedade, governadores, deputados, todos nós, entidades de classe somos a favor do banco. Ele é grande vetor para animar a economia do Nordeste. Esperamos que o mais breve possível o governo indique seu futuro presidente e que possa desenvolver novos projetos. Quem for contra não conhece nenhum pouco ou quase nada do trabalho do banco. A Fiec hoje, graças a Deus, está à frente de todas as coisas da área industrial. Estamos atentos aos hubs aéreo, do porto, dos cabos. Temos todos os ingredientes para fazer um belíssimo bolo. Você vê também o aeroporto de Juazeiro do Norte que foi concedido, então, imagina o quanto aquela região ali vai crescer.
OP – Em relação ao Governo do Estado, o que vai mudar?
Ricardo Cavalcante – Precisamos continuar esse trabalho de diálogo. Numa das maiores crises econômicas que o País já passou, fomos bem porque houve diálogo. Temos hoje 39 setores na Federação, um totalmente diferente do outro. São setores diferenciados e sem diálogo não conseguimos ouvir. Esse diálogo tem acontecido de forma estratégica e notamos que todos os sindicatos e empresários querem isso. O governador Camilo Santana (PT), essa aproximação que foi feita, digo isso porque faço parte da gestão atual, eu mesmo já fui várias vezes, com vários empresários, a maioria foi o Beto, mas o fato é que juntos encontramos saídas maravilhosas. Então precisamos de mais diálogo e menos política.
OP – O senhor fala da polarização política?
Ricardo Cavalcante – Eu não diria polarização, mas para que a gente possa voltar para a discussão de resultados. Quando você vai fazer qualquer discussão, a solução pode não ser a melhor para mim ou para o empresário, às vezes, ou para o governo, mas é o que a gente pode conseguir no momento. Então, com esse diálogo temos melhorado muito.
OP – Foi cogitada a candidatura de Alexandre Pereira (1° vice-presidente da Fiec), mas acabou em chapa única…
Ricardo Cavalcante – Nós esperávamos eleição, que fosse haver outra chapa, mas nós nos sentamos e, no grupo que temos hoje, dos 39 sindicatos, 37 estão dentro da minha chapa. Todos os empresários do Ceará podem ser candidatos. Mas houve isso, a convergência para o meu nome. É uma responsabilidade muito grande, mas a gente tem que ter humildade muito grande para encarar esse desafio.
OP – Além da indicação do Beto, por que o senhor acha que o seu nome foi escolhido?
Ricardo Cavalcante – Posso dizer que eu sou um líder. Já fui presidente de sindicato, sempre respeitei muito o associativismo. Posso dizer que conheço todos os 39 sindicatos e diria que sei 90% de todos os problemas e a gente sempre senta para discutir e, principalmente, resolver. Eu estou na Federação há 27 anos, nos últimos nove anos e meio como diretor, conheço a casa, conheço bem. A melhor coisa do mundo é ter um ambiente no qual a gente se sente bem e os empresários se sentem acolhidos. Essa gestão do Beto foi corada, porque, nesse momento do País, conseguimos deixar o empresariado animado.
Perfil
Ricardo Cavalcante (sobrenome que vem do Crato) nasceu em Fortaleza, tem 57 anos, e hoje é presidente do Sindicato das Indústrias da Extração de Minerais Não Metálicos e de Diamantes e Pedras Preciosas, de Areias, Barreiras e Calcários no Estado do Ceará (Sindminerais-CE), diretor administrativo da Fiec e presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae). Há 30 anos na atividade industrial, ele está à frente da Empresa de Mineração Granitos de Itaitinga (EMGI), especializada na extração, no comércio e na distribuição de areia peneirada e classificada para o mercado da construção civil.
Chapa Fiec Unida – Quadriênio 2019/2024
DIRETORIA PLENA
Presidente: José Ricardo Montenegro Cavalcante
1º vice-presidente: Carlos Prado
Três vice-presidentes: André Montenegro de Holanda, Roseane oliveira de Medeiros e Jaime Belicanta
Diretor administrativo: Luiz Francisco Juaçaba Esteves
Diretor adm. Adjunto: Germano Maia Pinto
Diretor financeiro: Edgar Gadelha Pereira Filho
Diretor financeiro adjunto: José Agostinho Carneiro de Alcântara
DIRETORES
Pedro Alcântara Rêgo de Lima, Marco Aurélio Norões Tavares, Rafael Barroso Cabral, Benildo Aguiar, Francisco Eulálio Santiago Costa, Flavio Norberto de Lima Oliveira, Ângelo Márcio Nunes de Oliveira, Maria de Fátima Facundo Soares, José Antunes Fonseca da Mota, Carlos Rubens Araújo Alencar, Francisco Ozina Lima Costa, André de Freitas Siqueira, Francisco Lélio Matias Pereira, Lauro Martins de Oliveira Filho, Aluisio da Silva Ramalho Filho, Paulo César Vieira Gurgel
CONSELHO FISCAL
Marcos Silva Montenegro, Pedro Alfredo da Silva Neto, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque (efetivos); Marcelo Guimarães Tavares, Roberto Romero Ramos, Ricard Pereira da Silva (suplentes)
DELEGADOS REPRESENTANTES
JUNTO À CNI
Jorge Alberto Vieira Studart Gomes, José Ricardo Montenegro Cavalcante (efetivos); Roberto Proença de Macêdo, Carlos Prado (suplentes)
BEATRIZ CAVALCANTE