Pesquisa CNT revela domínio das rodovias privatizadas entre as melhores do país

Pesquisa CNT de Rodovias avalia toda a malha federal pavimentada e os principais trechos estaduais, também pavimentados. Em 2019, foram analisados 108.863 km no Brasil.

Estado Geral

59,0% da malha rodoviária pavimentada apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. 41,0% da malha é considerada ótima ou boa.

2  Pavimento

Apresenta problemas em 52,4% da extensão avaliada. 47,6% têm condição satisfatória. Em 0,9%, o pavimento está totalmente destruído.

Sinalização

48,1% da extensão é considerada regular, ruim ou péssima. 51,9%, ótima ou boa. A faixa central é inexistente em 6,6% da extensão e as faixas laterais são inexistentes em 11,5%.

4 Geometria da via*

76,3% da extensão é deficitária e 23,7%, ótima ou boa. As pistas simples predominam em 85,8%. Falta acostamento em 45,5% dos trechos avaliados. Nos trechos com curvas perigosas, em 41,7% não há acostamento nem defensa.

5 Pontos críticos

A pesquisa identifica 797 no Brasil, sendo 130 erosões na pista, 26 quedas de barreira, 2 pontes caídas e 639 trechos com buracos grandes.

6 Custo operacional

As condições do pavimento geram um aumento de custo operacional do transporte de 28,5%. Isso reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos.

7 Investimentos necessários 

Para recuperar as rodovias no Brasil, com ações emergenciais, de manutenção e de reconstrução, são necessários R$ 38,60 bilhões.

8 Investimentos em 2019 

Do total de recursos autorizados pelo governo federal para infraestrutura rodoviária especificamente no Brasil em 2019 (R$ 6,20 bilhões), foram investidos R$ 4,78 bilhões até setembro (77,1%).

9 Custo dos acidentes 

O prejuízo gerado pelos acidentes foi de R$ 9,73 bilhões em 2018. No mesmo período, o governo gastou R$ 7,48 bilhões com obras de infraestrutura rodoviária de transporte.

10 Meio ambiente: 

Em 2019, estima-se que haverá um consumo desnecessário de 931,8 milhões de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento. Esse desperdício custará R$ 3,30 bilhões aos transportadores.

Confira 10 fatos de cada Unidade da Federação e das regiões

De acordo com a pesquisa técnica sobre rodovias divulgada pela Confederação Nacional de Transporte, as 22 melhores vias no Brasil são concedidas. Além disso, em uma classificação geral 74,7% das rodovias concedidas tiveram seu estado classificado como bom ou ótimo Por outro lado, entre as vias administradas pelo poder público o percentual é de somente 32,5%.

O ranking contém 109 ligações rodoviárias. Ao todo, foram avaliados 108.863 quilômetros de rodovias, dos quais 22.079 quilômetros estão concedidos.

De acordo com César Borges, Presidente Executivo da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, o resultado reafirma o exito no modelo de privatizações. Porém, ainda há muito a ser feito.

“Em mais um ano, o estudo comprova o sucesso do modelo de concessão. No entanto, ainda há muito a ser realizado para ampliar e melhorar a qualidade da malha pavimentada do País. Sem falar no baixíssimo índice de investimentos públicos em toda a rede, que é cada vez mais alarmante”, conclui Borges.

  • Amazonas tem o pior estado geral do Brasil. 100% das rodovias avaliadas apresentam algum tipo de deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via.
  • Todas as rodovias pesquisadas no Acre apresentam problemas na geometria da via (que envolve a presença de acostamento, entre outras características).
  • Amazonas Acre são os estados com os maiores problemas relacionados à falta de acostamento
  • Amapá possui a pior avaliação das condições da sinalização. 87,8% da extensão avaliada apresenta algum tipo de problema.
  • Alagoas e São Paulo são as unidades da Federação com as melhores avaliações do estado geral, pavimento e sinalização. 86,4% da extensão pesquisada de Alagoas e 81,8% de São Paulo são consideradas ótimas ou boas.
  • MaranhãoCeará e Rio Grande do Sul concentram 49,8% dos 797 pontos críticos de todo o país. Foram identificados 213 no Maranhão (26,7%), 106 no Ceará (13,3%) e 78 no Rio Grande do Sul (9,8%).
  • Acre tem o maior aumento no custo operacional devido às condições do pavimento (66,3%), seguido do Amazonas (56,5%) e Pará (38,2%). A média nacional é de 28,5%.
  • Minas GeraisSanta Catarina e Paraná são os estados que mais tiveram custos com acidentes em 2018. O prejuízo chega a R$ 1,26 bilhão em Minas Gerais, R$ 1,05 bilhão em Santa Catarina e R$ 1,04 bilhão no Paraná. No Brasil, esse custo foi de R$ 9,73 bilhões.
  • “O desenvolvimento pleno e sustentável de um país está diretamente ligado à sua infraestrutura de transporte, que tem a capacidade de mover uma nação, conectar pessoas e lugares e impulsionar a economia. E o Brasil – país de extensão continental – não foge a essa máxima. Ocorre, porém, que temos muito a avançar quando o assunto é investimento. Para transportarmos as nossas riquezas, dependemos (e muito) das rodovias.

    Nesse sentido, a CNT vem alertando – ano a ano – sobre a urgência de ampliar os recursos para as rodovias brasileiras e melhorar a aplicação do orçamento disponível. Os resultados desta 23ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias evidenciam que os sucessivos alertas da Confederação não foram devidamente ouvidos. Observamos, em 2019, uma piora nas condições da malha pavimentada. E a crise fiscal por que passa o país aciona o sinal de alerta em relação à nossa capacidade de manutenção e expansão da malha.

    A priorização do setor nas políticas públicas e a maior eficiência na gestão são imprescindíveis para reduzir os problemas, aumentar a segurança e evitar desperdícios. Toda a sociedade paga o preço da ineficiência da infraestrutura de transporte. Se a rodovia tem problemas, há mais consumo de combustível e maior desgaste dos veículos. Isso gera custos, que elevam o valor dos produtos. Além disso, há a questão dos acidentes rodoviários, que tiram vidas e oneram o Estado.

    Essa realidade precisa mudar. Isso é inegável. Mas estamos confiantes de que o momento atual é propício para proceder às mudanças necessárias a fim de levar o Brasil para a frente. Para tanto, temos a convicção de que iniciativa privada e poder público precisam caminhar juntos, em um ambiente com regras claras e com mais segurança jurídica.

    Nesse contexto, colocamos à disposição dos transportadores, do governo e da sociedade os resultados aqui expostos e esperamos contribuir positivamente para a consolidação da agenda de infraestrutura de transporte, que vem sendo encarada como estratégica pelo novo governo.”

    Vander Costa
    Presidente da CNT