AMC abriu licitação para escolha da empresa que vai criar o documento, e o prazo concedido será de até 12 meses
Fortaleza enfrenta uma série de problemas relacionados à questão do trânsito. Com o “boom” imobiliário e as inúmeras intervenções realizadas visando à Copa do Mundo de 2014, o saturado trânsito da Capital fica ainda mais prejudicado quando tem de disputar espaço com caminhões que insistem em circular pelas vias em horários proibidos.
Na manhã de ontem, quatro veículos estacionados na Rua Leonardo Mota, no bairro Aldeota, geraram verdadeiro caos, atrapalhando motoristas. Apesar da fiscalização, esse tipo de infração é frequente Foto: Lucas de Menezes
Para minimizar os transtornos, Arcelino Lima, chefe do Núcleo de Trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC), avisa que foi aberto um processo licitatório para escolha da empresa que irá elaborar um Plano de Circulação de Carga de Fortaleza. O nome da empresa vencedora será divulgado em 15 dias. Ela terá o prazo de 12 meses para construir o Plano.
O documento irá discriminar em quais vias os caminhões poderão circular, os horários e locais de carga e descarga. O chefe do Núcleo de Trânsito da AMC explica que o órgão não pode, simplesmente, impedir a entrada desses veículos, visto que isso criaria um colapso no sistema de distribuição de carga na cidade. “Fica complicado tanto para a população quanto para a economia. As mercadorias têm de circular”, reforça Lima. Com a elaboração de um Plano, a ideia é que o poder público possa conhecer de forma detalhada por onde circula essa carga em Fortaleza.
Na manhã de ontem, por exemplo, quatro caminhões, sendo três betoneiras, causaram verdadeiro caos na Rua Leonardo Mota, Aldeota. Apesar de a portaria nº 08/2010 da Prefeitura estabelecer restrições na circulação de caminhões com tara acima de 2,5 toneladas em algumas ruas do Centro, Aldeota e Meireles, motoristas circulam, livremente, desobedecendo à legislação e gerando transtornos.
Apesar de não querer divulgar dados do número de autuações, a Autarquia Municipal admite que o problema existe e que são muitas as multas aplicadas pela infração, considerada média e que custa R$ 85,00.
Por conta disso, Ademar Gondim, presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), informa que as faixas prioritárias para ônibus, que deverão estar em funcionamento na Avenida Bezerra de Menezes em julho, irão contemplar os caminhões de carga. O assunto será discutido na próxima semana, com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Ceará (Setcarce).
De acordo com informações do Setcarce circulam, por dia, na Capital, em torno de dois mil caminhões. “O número é elevado, mas eles não estão concentrados num só local”, justifica Clóvis Nogueira, presidente do Sindicato. Ele acrescenta que esse processo ocorre porque Fortaleza está se desenvolvendo.
Vilão
Para Nadja Dutra, professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), o uso indiscriminado do automóvel tornou-se, na verdade, o grande vilão das cidades, e não necessariamente os caminhões.
“Pelo fato de a população não perceber no sistema público de transporte uma alternativa viável para seus principais deslocamentos diários, acaba, então, buscando meios supostamente mais rápidos, eficientes e cômodos, como o veículo individual”, explica. Nadja acrescenta que é preciso pensar a cidade de forma integrada e sistêmica, e que a organização deve acontecer de forma a contemplar a todos, priorizando o transporte coletivo.
LUANA LIMA
REPÓRTER
FONTE: JORNAL DIARIO DO NORDESTE –