FATURAS ATRASADAS Greves geram multas e juros aos consumidores

O atraso no recebimento das contas traz mais problemas às pessoas, que não têm tido todos os serviços bancários

Mesmo que a greve dos bancários continue impedindo os usuários das instituições financeiras de realizar determinados procedimentos, neste período de fim e início de mês, a paralisação dos Correios é que está gerando mais transtornos. Diversos consumidores estão com as contas atrasadas porque as faturas não chegaram. Por isso, são obrigados a buscar outras alternativas para não pagar juros tão altos, como pedir às empresas o número do código de barras ou imprimir os boletos pela internet.

GreveOntem, 12º dia da greve dos bancários, 390 agências, das 507 existentes no Ceará, participavam do movimento FOTO: RAONE SARAIVA

A comerciante Maria Machado Santiago, por exemplo, está com uma fatura atrasada desde o último dia 20, mas só percebeu isso ontem. “Muitas vezes, a gente só lembra da dívida quando a conta chega. Notei agora desse, no caixa eletrônico. Os juros já devem estar altíssimos. Vou ligar para a operadora do cartão e tentar resolver o problema”, diz.

Quem também estava numa agência bancária, ontem, tentando colocar as contas de cartão de crédito, internet e plano de saúde em dia era o militar Júnior Santiago. Ele sempre realiza pagamentos online quando os Correios estão em greve, mas, dessa vez, não conseguiu. “Ao invés de digitar a minha senha, acabei me distraindo e coloquei a da minha esposa. O cartão foi bloqueado. Agora, vou ter que pegar o número do código de barras da fatura”, diz.

Os transtonos, porém, não atingem apenas os consumidores que desejam realizar pagamentos. Desde o começo do mês passado, a fonoaudióloga Cláudia Pinheiro espera uma encomenda chegar de São Paulo e teme que a paralisação dos Correios se estenda.

“São materiais que compro com frequência para o meu consultório. Ainda tenho em estoque, por isso, a situação não está tão urgente”, declara, dizendo que ficou mais chateada por não conseguir fazer um depósito na Caixa Econômica, problema que vem afetando várias pessoas desde que a greve nacional dos bancários foi deflagrada, há 13 dias.

Viagem perdida

A recepcionista Marcília Benevides também está com as dívidas atrasadas, mas, para pagá-las, depende do dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ela conta que o valor já foi liberado, mesmo assim, não conseguiu sacar. “Estava confiando nesse dinheiro para quitar minhas dívidas. Estou com todos os documentos aqui, comprovando o depósito”, lamenta, torcendo para que a greve termine logo.

Balanço

Até ontem, 390 agências bancárias, das 507 existentes no Ceará, participavam da greve. De acordo com o Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb/CE), será realizada hoje, a partir das 16h, uma passeata da categoria pelo “corredor bancário” da Aldeota, com concentração no cruzamento das Avenidas Santos Dumont e Barão de Studart. A principal reivindicação dos bancários é um reajuste de 11,93%. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) oferece 6,1%.

Em nota, os Correios informaram que, no Ceará, aproximadamente 83% dos trabalhadores permaneceram em seus postos, o que representam cerca de 2.500 pessoas em atividade.

No último fim de semana, segundo a empresa, mutirões foram realizados para entregar cartas e encomendas à população.

A ação integra o Plano de Continuidade de Negócios da empresa, que também inclui medidas como deslocamento de empregados entre as unidades e realização de horas extras.

De acordo com os Correios, na sexta-feira (27), 92,74% dos empregados trabalharam normalmente em todo o País.

A categoria pede 15% de aumento real, mais reposição da inflação entre agosto de 2012 e julho deste ano, reposição das perdas salariais desde o plano real e entrega de correspondências pela manhã, por exemplo.

Os Correios oferecem reajuste de 8% nos salários e um reajuste de 6,27% nos benefícios, entre outros.

RAONE SARAIVA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste