Em dez anos, o número de veículos na Capital aumentou 83,3%, enquanto a população cresceu 14,5%
Dentre as capitais do Nordeste, Fortaleza é a que possui a maior frota de veículos automotores. Ao todo, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), eram 848.297 mil, até o fim de 2012. Em dez anos, este quantitativo aumentou oito vezes, ou seja, 83,3%, enquanto a população da cidade teve uma variação de 14,5% em uma década. Nestas condições, comemora-se, hoje, o Dia Mundial Sem Carro, que tem como objetivo principal sensibilizar a população sobre questões relacionadas à mobilidade urbana.
Para solucionar os engarrafamentos da cidade, especialistas acreditam que os transportes coletivos e intermodal devem ser priorizados Foto: Kléber A. Gonçalves
Comparando com números mais atuais, ao longo de dez anos, Fortaleza aumentou sua frota em 108,4%. Se em 2003 a Capital possuia 422.490 mil veículos, hoje, até agosto, esta quantidade era de 880.486 mil. Em seis meses, de janeiro a junho de 2013, foram implementados 39.487 mil veículos, uma média mensal de 6.581 mil automóveis. A maior parte são carros e motocicletas. Somente automóveis, são 28,658. As motos correspondem a 17.186 mil.
Os números seguem uma tendência nacional. Nos últimos anos, o aumento do número de veículos automotores no Brasil também foi dez vezes maior do que o aumento da sua população: enquanto a população aumentou em 12,2% numa década, o aumento dos veículos motorizados foi de 138,6%.
Segundo o Denatran, o País terminou 2012 com mais de 50,2 milhões de automóveis e 19,9 milhões de motos. Para especialistas, como o arquiteto e urbanista Euler Sobreira, este aumento é resultado do modelo rodoviarista que caracteriza historicamente a política de mobilidade no Brasil.
Como resultado, para muitos cearenses, Fortaleza vive o caos da mobilidade urbana, com congestionamentos, acidentes e mortes, ônibus sempre lotados. “Motoristas despreparados e horas para percorrer pequenos trechos. É assim o meu dia para ir e voltar do trabalho”, desabafou a diarista Maria Frota Dias, 56.
Como solução, todos apontam para a priorização do transporte coletivo em detrimento do carro individual, assim como a atenção ao transporte intermodal. “Precisamos trabalhar os outros modais, calçadas, bicicletas, a moto. Assim como o ônibus, os terminais, estacionamentos próximos a estes locais para que seja possível a população utilizá-los”, diz Sobreira.
Outro ponto que vem sendo discutido como alternativa é o rodízio de veículos. Segundo o responsável pelo Núcleo de Atuação Especial de Controle, Fiscalização e Acompanhamento de Políticas do Trânsito (Naetran) do Ministério Público, Antônio Gilvan Melo, este assunto já foi discutido por diversas vezes com as gestões municipais, “porém, nos sentimos de mãos amarradas, pois não podemos forçá-los a implementar, e também não observamos vontade destes gestores de fazer com que esta medida seja concretizada”.
O presidente da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), Vitor Ciasca, afirmou que não há nenhum estudo sobre rodízio. “Não cogitamos essa possibilidade, pois outros projetos de mobilidade estão sendo priorizados, como as ciclofaixas “.
Plano
De acordo com a secretária municipal de Urbanismo e Meio Ambiente, Águeda Muniz, o plano de mobilidade deverá contemplar uma atualização da Matriz OD, que é o estudo que contempla os principais fluxos entre origem e destino de deslocamentos. Este deverá abordar a integração entre os modais, propostas de expansão da malha viária fundamentada na ampliação da oferta de transporte público, além de conter o plano cicloviário (em elaboração), plano para transporte de cargas (em elaboração) e projeções no que se refere ao uso e ocupação do solo.
THAYS LAVOR
REPÓRTER