COPA DAS CONFEDERAÇÕES – Bloqueios podem prejudicar enterros

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A oito dias da abertura, indefinições geram mais ansiedade e confusão entre moradores, turistas e torcedores

Não se escolhe dia nem horário para adoecer ou morrer. Mas, com os inúmeros bloqueios imposto pela Copa das Confederações, tudo deve se complicar. O acesso ao Cemitério da Paz e ao Hospital Sarah Kubitschek, por exemplo, serão limitados. Alias, Fortaleza, como um todo, terá sim que se ajustar, se adequar. Moradores terão restrição de circulação, carros só podem se deslocar com credenciamento, caminhões de carga serão proibidos, o comércio deve ficar fechado. Tudo para tentar garantir tranquilidade durante as partidas. E você, já pensou como será a sua rotina nos dias 19, 23 e 27?

O tráfego no entorno do estádio será limitado aos moradores da região. Das 10 às 18 horas nos dias de jogos, os habitantes, mesmo credenciados, não poderão transitar nem na área restrita.

Torcendo que a demanda seja baixa no Parque da Paz, o advogado Newton Padilha, diretor regional e jurídico da Empresa Brasileira de Lançamentos (Ebral), que gerencia o Parque da paz, afirma que o problema não depende apenas do cemitério adiar enterros. Há procedimentos que precisam acontecer de imediato.

Diárias

No local, há dias em que são realizados até 14 sepultamentos. Contudo, a média é de quatro ou cinco diárias, diz Padilha. “Não posso restringir sepultamento porque não tenho condições de saber em que estado se encontra o morto”. Para ele, a Prefeitura “vai ter que abrir mão e procurar alguma solução alternativa”. Ele completa informando que sepultamento ninguém pode adiar. “Não depende de mim. Não posso determinar horário de enterro porque a Prefeitura não quer enterro naquela hora”, reforça. Por serem concessionárias, o horário é estabelecidos com as empresas funerárias.

Esse drama não se resume ao Parque da Paz. Um outro equipamento importante também terá restrições de acesso, o hospital de Sarah Kubitschek. A direção da informa que, por conta dos bloqueios, as cirurgias e atendimentos eletivos terão que ser desmarcadas, apenas os pacientes que já seguem internados receberão os cuidados. Serão três dias sem atendimentos externos e de urgência. “Em Fortaleza, nos dias dos jogos, tudo indica, será decretado Feriado pela prefeitura local”, afirma a unidade.

O hospital informa que pacientes que vão ao Sarah para fazer os tratamentos de reabilitação, exames e outros procedimentos serão liberados na tarde que antecede aos jogos, retornarão, no dia seguinte às partidas.

Em regime de exceção, uma rota alternativa de acesso tanto para o Parque da Paz como para o Sarah Kubitschek será disponibilizada: pela Dedé Brasil, Heróis do Acre, Prudente Brasil, Eldorado e Juscelino Kubitschek.

Outra medida preocupa também o setor de cargas e transportes. Com o bloqueio na Avenida Raul Barbosa, o transporte ficará prejudicado. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Ceará (Setcarce), Clovis Nogueira Bezerra, cerca de 800 caminhões devem deixar de circular na Capital. “Será um prejuízo, mas temos que colaborar, tentar fazer com que a Copa dê certo”.

Mediações

Em meio a tantas polêmicas, instituições se reunirão para discutir o Plano de Mobilidade, verificar se não há violação de direitos. O Ministério Público Federal (MPF), por exemplo, marcou para a próxima semana, 11, debate para conhecer a fundo o Plano de Mobilidade para a Copa das Confederações. Para o procurador da República, Alessander Sales, a Fifa pode fazer exigências, o governo do Estado e a Prefeitura podem acatá-las, mas nenhuma instância, pode afetar direitos fundamentais dos cidadãos.

Um encontro na Ordem dos Advogados do Brasil Seção-Ceará (OAB-CE) deve acontecer hoje. Quatro comissões vão discutir não só a mobilidade, mas outras instâncias que dizem respeito aos Direitos Humanos. “Nós entendemos que há a soberania, mas a Fifa entende que, quando recebe as pessoas, tem que tratar bem, o que significa transferir o controle para esse anfitrião”, explica o presidente da Ordem, Valdetário Monteiro.

O presidente avalia, ainda, que, em relação ao direito de ir e vir, ao funcionamento da cidade, não é justo interferir. “O cidadão pensa assim: eu pago impostos, tenho direito. Quem é que vai responder por isso doravante”?, finaliza.

780 veículos já cadastrados

“Imagina como será na Copa?”. Essa é a pergunta que o bancário Daniel Honório de Alencar mais se faz nos últimos dias. Ele reclama da falta de organização, das indecisões e do cerceamento de liberdade que sofrerá só por morar há 400 metros da Arena Castelão. Obrigado a cadastrar seu automóvel, ainda não fez, vai ter que se apressar. A oito dias da abertura, 780 motoristas já regularizaram automotores.

“Nós estamos sofrendo muito. Sentimos que falta mais organização e planejamento”, afirma o bancário. Mas, para tentar facilitar a vida de Daniel e tantos outros moradores do entorno, a Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) ficará aberta inclusive, sábado e domingo, de 8h às 17h, para receber cadastramentos. A ideia é minimizar os transtornos nos dias 19, 23 e 27 (data das partidas) e evitar que não deixem tudo para a última hora.

“Só nos dois primeiros dias, 780 veículos já foram cadastrados, média de 15%. Estamos sentindo que a população está colaborando muito”, diz o diretor de Trânsito da AMC, Arcelino Lima.

Outro ponto de interrogação é a questão da regulamentação dos feriados. Não há certezas e regulamentações formais, nem em âmbito municipal ou estadual. Fala-se em folga, mas nada está ainda acertado. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Fortaleza, Freitas Cordeiro, há que se haver uma decisão. Questiona o fechamento das lojas, ideal seria a implantação de ponto-facultativo.

“A cidade fica até mais segura e alegre com o comércio ativo. Fomos estimulados a nos preparar para a Copa e agora querem barra isso. É contraditório”, diz.


A Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado ainda não confirmaram os dois feriados.

Fonte: Diário do Nordeste

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