CONTRAMÃO Produção de caminhões cai 40% em 2012

Producao-de-caminhoes - CópiaCONTRAMÃO 10/09/2012

Produção de caminhões cai 40% em 2012


A segunda maior vendedora de caminhões do país iniciará a semana com a linha de produção e montagem paralisada. A partir de hoje, cerca de nove mil funcionários da Mercedes-Benz irão ter folga coletiva

Enquanto os incentivos do Governo Federal têm impulsionado as vendas de automóveis de passeio e veículos leves, chegando a atingir patamares recordes de produção, o comércio de caminhões novos no Brasil tem percorrido o caminho inverso.

De janeiro a agosto deste ano, as montadoras reduziram, em quase 40%, a produção de caminhões. O saldo negativo, contabilizado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aponta para um acumulado de apenas 87,9 mil veículos produzidos no ano. Em 2011, foram 147 mil caminhões.

Nem mesmo as vantagens oferecidas pelo Governo para aquecer o setor serviram para atrair novos compradores. Em comparação com os oito primeiros meses do ano passado, o número de emplacamentos de caminhões novos caiu 20% em 2012. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e apontam para um ano com trepidações para as montadoras de caminhões.

Só no último mês, quando foram emplacados 11.360 caminhões em todo o País, a variação negativa chegou a 30%. No mesmo período do ano passado, a quantidade foi superior com 16.438 veículos. Para o presidente executivo da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, “a economia derrapou durante o primeiro semestre. Sem economia aquecida, não há vendas. O caminhão é o para-choque da economia. Se a economia vai bem, você tem carga pra transportar”.

A queda nas vendas já se refletiu no chão das fábricas com a diminuição do volume de produção. Para especialistas do setor, até dezembro, o acumulado do ano deverá ficar no vermelho. “Nós acreditamos que, de 172 mil veículos comercializados no ano passado, este ano devemos fechar com cerca de 140 mil caminhões. Uma queda de 19%”, avalia Alarico Assumpção Júnior.

A situação do cenário nacional já se refletiu no Ceará. Na concessionária da montadora Mercedes-Benz em Fortaleza, a redução nas vendas, de janeiro a agosto deste ano, já alcançou 20%. “Isso se dá por alguns motivos. O principal deles é a deficiência de crédito por parte dos bancos. No auge, o pessoal se endividou e, com isso, o banco faz a análise do perfil e não aprova” justifica Felipe Furtado, analista de planejamento da Ceará Diesel. A empresa, que é líder do segmento na capital, comercializou 424 veículos da marca alemã durante os oito primeiros meses do ano.

Ainda segundo o analista, 85% das vendas da concessionária cearense são feitas por meio de financiamentos. “Clientes que você via, no passado, aprovando crédito facilmente, hoje, você vê a recusa por parte dos bancos”, relata Furtado.


Novo Motor

Producao-de-caminhoesOutro motivo apresentado para a queda nas vendas é o início da comercialização de caminhões com motorização que atende ao padrão Euro 5. O modelo, implantado desde janeiro de 2012, substituiu o motor Euro 3, que é mais poluente e menos econômico. Apesar das vantagens, a novidade foi responsável por reajustar o valor dos novos veículos em até 15%. Para fugir da alta, conforme o presidente executivo da Fenabrave, “os clientes anteciparam as compras, no segundo semestre do ano passado, para ter o Euro 3 com o preço inferior”.

Fonte: Jornal O Povo – 10/09/2012